Não é hora para tanta animação
Por Luiz Henrique Pacheco
Nos modelos econômicos que levam em conta fatores de produção (terra, trabalho, capital), a acumulação de capital é muito importante, a ponto de diferenciar o desenvolvimento de longo prazo entre duas nações.
Por crescimento de longo prazo estamos fazendo referência à acumulação de fatores de produção para a economia e não a uma recuperação cíclica que nada mais é do que crescer 5 ou 6% após uma crise econômica. Entretanto, crescer de forma consistente ao longo de duas décadas sem esbarrar nas próprias limitações é tarefa que demanda muito investimento, principalmente em capital humano e outros fatores.
Note que na recuperação da última crise isso não aconteceu, houve um surto de consumo e despoupança. O BC acertou o sinal do ajuste e reduziu a taxa de juros, entretanto, os níveis de atividade industrial sofreram retração. Em 2010, o Brasil crescerá grande parte em função da reutilização da capacidade ociosa do que propriamente a expansão de fatores de produção.
Esse ajuste da crise que resultou na queda da poupança, reduziu os juros e expandiu o crédito, trouxe alívio de curto prazo. O primeiro semestre foi muito bom para a economia, infelizmente, o segundo, começou com expectativa de crescimento da taxa de juros e da inflação, reflexos de que a capacidade ociosa está próxima do fim e, certamente, a redução do índice industrial referido acima ditará os limites do crescimento nesse semestre. Ou seja, nós fizemos um ajuste que dá grande alívio e conforto no curto prazo, mas implica sacrifício e perdas de crescimento potencial num segundo momento.