Gastos com Política Social: um pouquinho mais de dados
Por Juliana Oliveira
Eis um pequeno brief do recente relatório do IPEA sobre Gastos com Política Social para os apaixonados, como eu, por dados econômicos.
O gasto público social representa 21,1% do PIB brasileiro, sendo que as maiores parcelas deste são os gastos em previdência social (7%), previdência do setor público (4,3%), educação (4,05%) e saúde (3,33%).
Multiplicadores decorrentes de um aumento de 1% do PIB por Tipo de Gasto |
||
Tipo de Gasto/Demanda |
Multiplicador |
Multiplicador |
Demanda agregada (investimento, exportações e gasto do governo) |
1,57 |
1,17 |
Educação e Saúde |
1,78 |
1,56 |
Educação |
1,85 |
1,67 |
Saúde |
1,70 |
1,44 |
Investimento no Setor de Construção Civil |
1,54 |
1,14 |
Exportações de Commodities Agrícolas e Extrativas |
1,40 |
1,04 |
Programa Bolsa Família |
1,44 |
2,25 |
Benefício de Prestação Continuada |
1,38 |
2,20 |
Regime Geral da Previdência Social |
1,23 |
2,10 |
Juros sobre a Dívida Pública |
0,71 |
1,34 |
Fonte: Elaboração do IPEA com ajuste próprio. SCN 2006, PNAD 2006 e POF 2002
Conforme a tabela acima, é fácil identificar o elevado impacto do gasto em educação no PIB (1,85%). Quanto ao investimento do programa bolsa família, cada real gasto neste leva a um aumento da renda da família de 2,25% e um crescimento de 1,44% do PIB. Maior que o multiplicador das exportações de commodities agrícolas e que o multiplicador dos gastos autônomos. Segundo o Boletim eletrônico do Fórum DRS, em 2008, o valor do programa Bolsa família representou 0,40% do PIB. A contribuição importante destes gastos se dá no fato de atingirem a população que tem uma maior propensão da consumir.
Parece, a meu ver, que a função de assistência e criação de oportunidades da política social está sendo alcançada. Segundo o relatório, estes gastos mostraram-se responsáveis pela redução da pobreza e desigualdade social e impulsionaram o crescimento da economia.
Pelo índice de Gini “estilizado”, (comparação deste entre 12 grupos de famílias), a incorporação de educação e saúde à renda da família leva à redução de respectivamente 1,1% e 1.5% do índice de Gini (lembrando que uma redução do índice de Gini diminui a desigualdade de renda).
Com o programa Bolsa família, a redução deste índice de Gini “estilizado” é de 2,5%. Já as exportações de commodities, têm efeitos basicamente neutros no índice, demonstrando o nulo impacto da expansão desta na redução da desigualdade.
O texto ainda afirma que dada esta multiplicação do PIB, ao fim do ciclo de aumento da renda nacional, 56% do valor dos gastos sociais voltam para o caixa do tesouro, por meio do aumento de impostos e contribuições.
Por fim, o relatório termina relatando que não deve haver um trade-off entre crescimento e equidade, visto que pelos dados acima, as mesmas políticas que melhoram as condições de vida da população elevam o PIB e produzem uma queda na desigualdade, sendo indiretamente “pagas” via aumento da arrecadação.
Este texto, além de esclarecer e informar, ainda deixa aqueles que acham que o Bolsa Família é esmola de cara no chão. Muita gente é contra, pq simplesmente não entende ou não quer entender a dimensão social e econômica do programa. Além de é claro, a elite não aceita dividir espaço nos shoppings, aviões e até nas ruas (carros) com a ascendente classe média. Vamos seguir, é um desafio acabar com esta desigualdade social, e aliá-la ao crescimento econômico é ainda mais desafiador e nos faz sentir orgulho.
amostra de 2006 não vale, né amigo?
Em tempo, é ÓBVIO que o bolsa-esmola tem impacto direto no consumo da família.
Agora, quero ver quando acabar o pacto do Lullinha com os preço das commodities. Vai ser difícil sustentar essa cambada quando a economia brasileira desacelerar.
Sem programas de trabalho e capacitação, esse programa não passa de uma açãod e caráter eleitoreiro. Por que não pegam dinheiro dos banqueiros para pagar essa cambada? Por que pago R$ 2.000 em impostos descontados na folha todos os meses?
Que saudade da ditadura
O Brasil está cada vez mais enraizado com as teorias keynesianas – Louvável!
Com o advento econômico contemporâneo, se faz necessário a participação do governo. O Brasil foi o Ultimo a entrar e o Primeiro a sair da última grande crise econômica mundial (2008/2009) porque adota um mecanismo de participação no mercado.
Este mecanismo de distribuição de renda sucede um multiplicador interessante: Desenvolvimento socioeconômico, aumento da atividade econômica, que por consequência contrata ou mantém empregos na indústria e comércio, que por efeito, deixa um cenário confortável para o setor de serviços, com isso, a economia se mentém aquecida elevando-se o consumo e o ciclo econômico acontece novamente.
O programa de transferência de renda do governo federal é assertivo e de grande valia para o país, no entanto, se faz necessário estudar melhor os mecanismos de fiscalização. É preciso blindar o programa contra fraudes, para se ter a certeza de que o programa está ajudando de fato as famílias de baixa renda, pois assim, estaremos erradicando de fato a fome e a miséria deste país, promovendo assim, o desenvolvimento. Heldon Harlley – Economista pela UFAM.
Hugo, liscariotes e Heldon,
Sendo mais pessoal que no texto, acredito que os dados reforçam que o programa tem efeito economico positivo, mas não devo deixar de ressaltar que apenas ele não elevará nossa situação socio-econômica. Esta medida é de curto prazo, serve para remediar o que deveria ter sido corrigido a anos atrás. Para a geração futura, o correto, na minha opnião, seria investimentos em educação, saúde, capacitações, acesso a crédito de forma que no longo prazo o auxilio não fosse tão necessário para conbater nossa desigualdade social.
Quanto ao período da pesquisa, o Brasil está aos poucos criando e ampliando suas bases de dados. A existência da mesma e as análises possiveis a partir desta já devem ser valorizadas.
Obrigada pelos comentários!
mto interessantes os dados e a tabela dos multiplicadores, so acho q 4% de gastos com educação mto pouco ainda
muito interessante o estudo. O bolsa familia é o gasto que mais multiplica a renda das famílias, não sabia.
esse estudo deixa um recado, investir em qualidade de vida (saúde e educação) é investir no crescimento do Brasil.
Seria muito ver todos o dinheiro público investido no país. Eu ainda verei isso aocntecer. Se n, eu mesmo farei.
programas sociais possibilitam o verdadeiro crescimento, baseado no desenvolvimento social e melhor distribuiçao de renda.
A educação é o ponto principal. Não a da escola, mas a de casa. Tendo bons exemplos hoje, certamente serão bons no futuro!