Economist pisa na bola
A The Economist me surpreendeu esta semana com uma matéria pra lá de curiosa. O raciocínio usado foi o seguinte: como a obesidade está aumentando nos EUA e os americanos estão dirigindo mais, a revista chegou à conclusão de que deixar de dirigir reduziria a obesidade, simples assim. Para justificar seu argumento, a revista cita um estudo que calculou que a porcentagem de obesos e a quilometragem viajada por motorista têm correlação de 99,6%.
A pergunta que fica é: e daí? Correlação não garante causalidade.
Pior ainda, a revista constrói um segundo gráfico dizendo que já que a correlação é quase-perfeita e que a quilometragem por motorista diminuiu recentemente, então a previsão é de que a taxa de obesidade seja reduzida nos EUA. É, no mínimo, estranho.
Exemplos de correlação espúria existem de monte. Poderíamos pegar duas variáveis sem qualquer ligação como o consumo de café no Brasil e a obesidade nos EUA e encontrarmos uma linda correlação também:
Veja, a correlação é de 98,1% e isso não diz muita coisa. Não quer dizer que podemos ajudar os nossos companheiros americanos a ficarem mais magros reduzindo o nosso consumo de café.
Comentei outro dia aqui que minha pesquisa é sobre economia da obesidade, quando mencionei alguns papers de referência. Quem tiver interesse, especificamente estes artigos do Cawley e do Rashad tratam com seriedade (com variáveis instrumentais) a questão das causas da obesidade.
Que furo hein
Pior é estar numa revista de economistas. gosto dos textos do Adriano pelo sentimento que o texto dele carrega, não tem como não ler!
Abraço camaraadas
hehhhehe pisou feio na bola…… vou fazer um sacrificio esta tarde não vou tomar meu cafézinhoo.
é pra uma “causa” nobre
hihi
Topo tomar um chazinho contigo elaine!
Otimo texto.
Realmente péssimo! Se ainda eles tivessem feito uma correlação inversa com quem usa meios de locomoção alternativos como bicicleta ou mesmo transporte público ainda ia né mas…