Globalização Financeira – bom ou ruim? A postura Antiliberal Pós-Keynesiana
As teses antiliberais pensam na Globalização Financeira como fator desestabilizador e ampliador das desigualdades entre países.
Como os pós-keynesianos são a favor da intervenção estatal, chamam atenção para o malefício que representa a Liberalização Financeira ao diluir este tipo de ação, pois com mercados financeiros globais as autoridades monetárias perdem o poder de expandir ou contrair a quantidade de moeda (que para os ortodoxos é ótimo).
O principal argumento para a desestabilização, no entanto, resgata a principal teoria de Keynes, a teoria da preferência pela liquidez. A preferência pela liquidez é, grosso modo, a demanda de moeda por ela mesma – entesouramento – principal causa de crise segundo Keynes. Isso vem das incertezas que permeiam os mercados, e estes autores consideram a preferência pela liquidez muito maior nos países menos desenvolvidos.
De acordo com os pós-keynesianos, os principais motivos para a preferência pela liquidez e/ou incerteza serem maiores nos países em desenvolvimento são:
- Perda pelo governo da ferramenta de política monetária;
- Forte dependência do resto do mundo para as exportações, que representam parte significante da renda nestes países;
- A própria renda menor diminui a relação encaixes/depósitos, haja vista o menor acesso dos pobres ao sistema financeiro;
- A grande parcela que representa o setor informal, que utiliza pouco os bancos.
Tudo isso aumenta a probabilidade de com qualquer “espirro” o capital sair em direção aos países desenvolvidos, não importando quão alta é a taxa de juro, aumentando a desigualdade entre os países. Além de a liberalização financeira, para estes autores, gerar um aumento enorme da especulação. E já dizia Keynes:
“Os especuladores podem não causar dano quando são apenas borbulhas numa corrente firme de empreendimento, mas a situação torna-se séria quando o empreendimento se converte em borbulhas no turbilhão especulativo.”
Por fim, para os Antiliberais a liquidez atua de forma pró-cíclica, isto é, aumentando quando tudo vai bem e secando nos momentos recessivos, quando é mais necessária, justificando necessidade da atuação governamental contra-cíclica – inviável com a globalização – evitando superendividamentos e posteriores recessões.
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As intervenções, quaisquer que sejam os ordenamentos e as fontes, sempre causam incertezas e controvérsias. A charge acima postada – muito bem escolhida pelo autor – retrata claramente a real influência das especulações e turbilhões. Eis o grande desafio aos governos e sistemas globalizados.