Instruções da prova: “Compartilhe suas respostas”
Alunos colarem nas provas não é incomum. Professores ordenarem seus pupilos a colar mesmo sem quererem é coisa da Indonésia. A reportagem saiu na edição desta semana da The Economist. O escândalo veio à tona quando um aluno indonésio negou-se a compartilhar suas respostas com a classe. Os pais foram até a escola mas foram ignorados, e o aluno ainda teve sua casa cercada por uma multidão de colegas e vizinhos que o acusaram de egoísmo.
Nos últimos dias, outros alunos e pais relataram situações semelhantes em uma rádio indonésia. Os professores defendem-se dizendo que eles estão sob enorme pressão para passar seus alunos nos testes nacionais para o bem da escola e para obter mais verbas do governo.
O resultado foi que, curiosamente, 100% dos alunos foram aprovados no último exame realizado nas escolas de Jacarta, a capital da Indonésia. Tal assertiva pode ser explicada pelos resultados do modelo do artigo Crime in the classroom: An economic analysis of undergraduate student cheating behavior, que encontrou que à medida que o comportamento free-rider ficou disseminado, maior foi a incidência de trapaceios.
É evidente que esse resultado está longe de ser socialmente eficiente. Professores que estimulam as colas consideram apenas os custos e benefícios para si próprios. Eles ignoram os custos internos ao comprometerem a aprendizagem dos próprios alunos e os custos externos que são impostos às outras escolas quando outros alunos são prejudicados.
Então, o que fazer? A literatura econômica (por exemplo o artigo: Undergraduate Student Cheating in the Fields of Business and Economics) não tem visto a moral como a questão principal por trás das colas. Segundo o artigo, estudantes não colam porque são imorais; colam porque o benefício marginal de colar excede o custo marginal. No caso da Indonésia, quando os estudantes são incentivados a colar, eles apresentam um aumento do benefício marginal. Portanto, pelo menos na teoria, para diminuir a incidência de trapaceios nas escolas precisaria aumentar os custos marginais (com maior fiscalização, por exemplo) e/ou diminuir os benefícios marginais, claro que na prática o controle é sempre mais complicado.
Não é muito diferente por aqui…
Quem diria….. sempre pensei que a educação na Indonesia fosse exemplar. Como diria o João do comentário acima, parece até o que acontece aqui em terras tupiniquins.
hummm se a moda pega…
não sou totalmente contra as colas, decorar não significa aprender. Aprender não significa decorar.
Acredito que os professores poderiam permitir que cada aluno levasse uma ficha (apenas uma! heheh) escrito o que quisessem para a prova. O benefício marginal de todos os estudantes aumentaria.
Trecho espetacular:
“Segundo o artigo, estudantes não colam porque são imorais; colam porque o benefício marginal de colar excede o custo marginal.”
Para mim,quem cola só engana a si mesmo.