Brasil não é mais o país com maior taxa de juros real
A política monetária conduzida pelo Banco Central do Brasil é apropriada. Pelo menos, essa é a opinião de Paul Krugman. Para o Nobel, a economia está claramente em desaceleração, e a inflação, provavelmente como em todos os lugares, é transitória, justificando as quedas consecutivas dos juros. Por outro lado, sempre existe uma opinião contrária. Neste caso, Christine Lagarde, do FMI, acredita que “seria prematuro relaxar as configurações da política enquanto a inflação ainda está acima da mediana da faixa meta e com tendência de alta”.
Nesta semana, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir pela sexta vez consecutiva a Selic (de 9,75% para 9% a.a. sem viés). Desde 2010 não se via a Selic a uma taxa tão baixa. O gráfico a seguir ilustra a evolução da taxa Selic desde 2011.
Essas quedas consecutivas fizeram com que o Brasil perdesse a liderança no ranking mundial de taxas de juros reais, posição que ocupava desde 2010. A Cruzeiro do Sul Corretora divulgou um ranking mundial de juros reais, no qual 40 países são comparados e classificados conforme as taxas de juros nominais determinadas por seus Bancos Centrais e as projeções médias de inflação futura para os próximos 12 meses. Dada a redução de 0,75 pontos percentuais, os três países com maior taxa real de juros são:
1º Rússia 4,20%
2º Brasil 3,40%
3º China 2,90%
É interessante destacar que esses “campeões” são os mesmos países emergentes que devem impulsionar a economia mundial nos próximos anos.
Mais um objeto de debate entre keynesianos e a escola austríaca.
O Brasil é um país em transição demográfica com grande percentual da população em idade ativa e que portanto deveria poupar. Como não poupa,1) a consequência é inflação alta e esta é combatida pela manutenção de uma alta taxa de juros e 2) a população pagará quando essa faixa hoje produtiva envelhecer.
O triunfalismo vigente no Brasil será sua maior desgraça. O Brasil nunca faz sua lição de casa quando o assunto é eficiencia do setor público e poupança das famílias. A conta pode tardar, mas chegará. E quando ela chegar, provavelmente o preço das commodities estará num patamar muito menor que o atual e a tragédia será amplificada.
Imprimir dinheiro hoje é prorrogar a conta ainda mais. Dá voto, mas não resolve o problema, prorroga-o indefinidamente.
Ainda eu: ao detratores desse ponto de vista, vejam o sólido artigo sobre o problema da indústria no Brasil.
Segue link: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/20/o-problema-da-industria
Por sinal, indicação do próprio Prosa.